Thursday

nos braços da solidão...


o dia está nublado… cinzento… e a chuva começou a cair…
converso com o nada, e entrego-me nos braços da solidão…
a sua voz acalma-me e é o sussurro do vento que me embala…

a saudade tingiu a tua imagem gravada na minha alma,
envolvendo-a em lembranças latentes que entorpecem os meus sentidos,
e que despertam as lágrimas que se eternizam …

invoco-te de um lugar encantado, onde repousam o amor e os sonhos,
para que quebres as algemas de todas as ausências,
e me envolvas nos teus braços, naquele tão nosso abraço…

Friday

a tempestade...

busco-te no horizonte…
mas as nuvens brancas foram substituídas por umas escuras e densas,
e vislumbro apenas uma terra árida...
drogada pela instabilidade, no cume do nada,
extraio do pó da terra um feitiço,
e rasgo o espaço de penumbra que me agarra…

hoje o meu mar parece o cemitério dos amantes.
com as lembranças cruas de um abraço esquecido,
perdido algures onde mora o esquecimento…
venho alquebrada ao longo dos tempos
onde oclusos guardo os meus sonhos…
sinto vontade de quebrar o silêncio... mas resisto…

percorro o trilho da tua ausência,
no pêndulo dos dias onde baila o silêncio das tuas palavras,
que rasgo e nas quais me envolvo, tal como o vento faz agora…
o edo de não te ter mina a minha alegria de viver
ms não posso fugir à tempestade da vida…
afinal, ser feliz é descobrir que a busca é eterna…

Monday

folhas da minha alma...

amanhece...
um raio de sol atravessa o infinito,

sinto o calor dos braços que me protegeram,
e o sossego dos olhos que velaram o meu sono…

as minhas palavras buscam um coração

e o pensamento busca a ilusão,
num repertório de versos que brota da alma…
um desafio que pode ser o meu grande sonho,

ou o maior dos meus pesadelos…

folheio a minha alma, relendo cada instante vivido,
cujas as páginas não envelheceram…

talvez porque… a alma não envelhece,
e um grande amor, não morre jamais…
permanecendo eterno nas folhas da minha alma…

amanhece…
e despertam os sentidos…

enquanto espero o teu beijo... um beijo que fala sem nada dizer,
com a certeza de que o presente se repetirá e voltarei a amar-te…

Friday

o prelúdio do anoitecer...

falo baixinho para não acordar as estrelas,
as nuvens abrem as suas portas e deixam-me entrar…
adivinha-se o prelúdio do anoitecer…

pelo espelho celeste observo-te enquanto me dispo…
imagino-te envolto em mim, feito esperança,
e os teus braços enlaçam-me e envolvem-me…

uma onda de calor percorre-nos e aquece-nos,
e bebendo o prazer no céu dos teus desejos,
encontro o paraíso na pele que acaricio…

embriagamo-nos com o amor, no colo dos sentidos,
e os nossos corpos compõem poemas…
o tempo passa… e assim vamos passando ao longo dele…

Thursday

anjo e demónio...

um anjo… um demónio… duas criaturas...
dois seres solitários, mas não sozinhos,
que, por entre labirintos infinitos,
buscam um errante sonhador,
que nos ouse acompanhar nesta jornada…

os nossos olhos, ainda que fechados,
sentem a tua presença…
os nossos ouvidos captam um murmúrio,
a tua voz, que nos encanta e seduz…
um errante sonhador… tu…

… apenas humano…

com todos os teus defeitos e as tuas qualidades,
com receio das emoções dos sentimentos,
mas que crê no perigoso real...
aproveita a pausa e contempla a vida...

vamos conduzir-te pela eternidade,
ultrapassando os portais da impossibilidade,
onde a aurora é a luz e o crepúsculo a escuridão...
e nós... anjos e demónios,
somos tão diferentes e tão iguais...

e sob som acalentador desta eterna canção,

os nossos corpos estenderemos numa cama solitária,
e ali ficaremos... até ao novo amanhecer...

Monday

um novo poema...

ando lentamente sobre o branco véu que sente e respeita os meus passos,
com o vento a agitar as folhas dos pinheiros que me rodeiam…
deixo viajar a minha alma… e o meu coração também…

a calma invade a minha alma, e o vento sopra para longe as tempestades,
espalhando os retalhos mal costurados de um amor erguido sobre erros…
vago e divago, procurando a razão do sentir que sacode e perturba o meu coração…

e num momento infinito… na eternidade do sentimento…

escrevo pequenas linhas… e misturo sorrisos com sonhos num novo poema…

Tuesday

rompendo a escuridão...

os primeiros raios de sol rompem o diáfano véu em que a bruma matinal me envolve…
e as recordações emergem como num caleidoscópio mental…
submergindo da escuridão um botão de rosa abre-se, espargindo a sua doce fragância pelos ares…

amanhece…

num convite sereno a solidão escura e fria torna-se alvorada,
impedindo que os meus sonhos se pintem com as cores do desânimo,

ou se vistam com as cores do impossível...

sorrio... afinal, não há sorriso que não ilumine um semblante…